Uma
das coisas de que gosto no Budismo de Nichiren Daishonin da BSGI é quando as
pessoas contam o que conseguiram com a prática do Budismo e com a recitação do
Daimoku (recitação do mantra Nam-Myoho-Renge-Kyo continuamente por um tempo que
você mesmo determina).
Aliás,
foi devido a um desses relatos que me fez tomar a decisão de me converter ao
Budismo.
Hoje,
eu tenho o orgulho de apresentar o primeiro relato de experiência daqui do
blog, da minha amiga de jornada, Carla Pazin.
Não
alterei e nem corrigi nada, deixei o relato na íntegra. Espero que gostem.
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Meu
nome é Carla Pazin, conheci o budismo por meio de uma amiga, Nilce Miki Takahashi,
de São Paulo, além de uma grande amiga, é uma excelente animadora e já fizemos
muitos trabalhos juntas. Na ocasião eu fazia metrado em TV Digital, na UNESP de
Bauru, cidade onde morava. Uma madrugada estava conversando com a Nilcinha e procurando
artigos para o meu projeto de mestrado, quando me deparei com um texto que
estava muito louco. como a Nilce é japonesa eu perguntei pra ela: O que é
Gongyo?
O
que é Daimoku? ela assustada parou o que estava fazendo e me ligou. “Onde você está
lendo isso?” “Ah num artigo muito maluco aqui de TV Digital de um tal de
Daisaku Ikeda” “Isso não é TV Digital, isso é budismo”... e foi assim que ela
começou a me falar sobre o budismo, e já entrou em contato com os membros de
Bauru.
Eu
fui ao kaikan em Bauru, logo que cheguei, um rapaz muito sorridente me recebeu,
era o Victor Rodrigues e eu falo pra ele até hoje que aquele sorriso no keibi
dele mudou a minha vida! na ocasião teve uma concessão, quem recebia o Gohonzon
era uma mulher de cerca de 50 anos, e ela chorava muito e eu chorava muito
também, na hora pensei: “Quando for a minha vez, vou precisa de uma toalha, de
um balde, sei lá”.
Terminada
a reunião, conversei com a Responsável da DFJ da RM Bauru, Joelma Tokusato
(hoje ela mora em São Paulo e é a responsável da DE da BSGI) e manifestei a vontade
de receber o meu Gohonzon.
Me
converti e recebi o Gohonzon no dia 19/06/11, em Bauru. Nesse dia teve uma apresentação
da NEK e eu fiquei com muita vontade de participar daquele grupo...
Mas,
como sempre temos maldades para tentar nos afastar da prática. Na época eu
estava desempregada, mas estava recebendo o seguro desemprego e as contas foram
chegando, eu rebolando pra pagar, fazendo um bico aqui, outro ali, e fui me virando,
alguém sabe o que é isso? (risos). Mas eu nunca me desesperei porque eu sempre tive
a convicção de que se eu sentasse na frente do oratório e fizesse o Daimoku colocando
o meu sentimento ao Gohonzon eu não teria um obstáculo intransponível. E o dinheiro
do aluguel sempre aparecia do nada na data exata para pagar.
E
as dificuldades não paravam por aí: minha saúde começou a me preocupar. No começo
era apenas uma vertigem, pensei que fosse alguma fraqueza, já que não estava me
alimentando direito pela quantidade de trabalhos que eu pegava, ou mesmo porque
passei a economizar o dinheiro do ônibus indo e voltando pra faculdade e pra
uma produtora de bicicleta... aí minha bicicleta foi roubada!!! passei a ir a
pé (7km pra ir e 7km pra voltar da faculdade e uns 3km pra ir e 3km pra voltar
da produtora, eu praticamente caminhava uma São Silvestre por dia eheheh).
Então,
comecei a ter sangramento no nariz, mas era muito constante, eu nunca tive isso
na vida e me preocupei e resolvi procurar um médico, mas tive outro problema:
como pagar? Eu não tinha plano de saúde. Daimoku! Uma amiga que trabalhava em
uma clínica de um hematologista, e conseguiu uma consulta e eu não precisaria
pagar. E lá fui eu, fiz exame de sangue e eu estava com anemia grave (e eu era
vegetariana, pra ajudar, mas já que o médico mandou comer carne, voltei a comer
carne, budismo é bom senso).
Parecia
que quanto mais horas de Daimoku eu fazia, mais problemas surgiam. Então,
sentei na frente do Gohonzon e lancei um desafio, faria 4 horas todos os dias e
transformaria minha vida, não importando quanto tempo levasse, acordava às 4 da
manhã e fazia 4 horas seguidas até as 8, algumas vezes fazia até mais. Gente,
eu PRECISAVA transformar a minha vida e me empenhei totalmente pra isso.
Uma
semana antes da minha primeira Shakubuku
receber o Gohonzon eu fiz os exames de sangue novamente e tudo estava bem, tudo
normal. O médico mesmo não acreditava em como aquilo era possível.
Alguns
dias depois, acordei em uma manhã de sábado, fiz Gongyo, quando fui fechar o
oratório, tive uma crise de choro, estava desempregada há mais um ano, longe da
família, passando por dificuldades financeiras, problemas de saúde, desenvolvi síndrome
do pânico, pegava muito mais trabalho do que eu podia e cobrando muito menos do
que valia. Olhei pro Gohonzon e falei: eu só saio daqui com uma resposta.
Comecei
a orar e um sentimento de gratidão tão grande tomou conta de mim que parecia que
eu estava flutuando, tudo a minha volta sumiu e por algum tempo só existia eu e
meu Gohonzon no universo inteiro. Fiz 9 horas de Daimoku seguidas e nem
pareceram 9 minutos e, então, tive sabedoria e coragem para tomar a decisão que
retornar pra casa dos meus pais era a melhor opção. Eu não tinha um bom
relacionamento com meus pais...
Em
janeiro de 2012, 7 meses após receber o Gohonzon, voltei a morar com meus pais
em Sertãozinho, então, consegui um emprego fixo num programa de TV. Tudo resolvido!
Aí
o cara do programa na TV simplesmente sumiu e não pagou ninguém. E não é porque
tenho um Gohonzon em casa que tudo vai acontecer e a minha vida vai ficar
perfeita, eu também preciso me mexer e, conversando com alguns amigos da área,
soube que a produtora em Ribeirão Preto, que sempre quis trabalhar, desde a época
da faculdade iria abrir vaga de temporário, de três a quatro meses. Campanha
política, pauleira.
Acordei
cedinho, fiz um Gongyo e Daimoku determinando que aquela vaga seria minha.
Cheguei à produtora sem hora marcada, nada. E o rapaz que fazia a seleção perguntou
quem tinha me indicado eu disse que fiquei sabendo da vaga e que estava lá pro
que eles precisassem. Um mês depois me ligaram e assinei contrato por três
meses, com o salário duas vezes mais alto que o normal. Comecei dia 1º de julho
e trabalhei até o começo de outubro, foram os três meses mais intensos
profissionalmente, muito trabalho e muita dedicação.... posso dizer que foi a
melhor experiência profissional que eu tive.
Nesse
meio tempo eu assumi como responsável do Bloco Liberdade, em Sertãozinho e tive
a certeza de que a minha luta me tornaria uma pessoa melhor e me abriria muitas
portas. E foi o que aconteceu, comecei a lutar no meu bloco e, consegui emprego
fixo em uma TV em Ribeirão.
Mas,
tinha de ter um mais mas... Eu trabalharia de segunda a sábado das duas da
tarde até às oito da noite, o que me impossibilitaria participar das atividades
da organização. E lá fui eu, novamente, para duas horas de Daimoku diárias.
E
no dia 3 de março eu fiz minha entrevista e entrei pra NEK, que era uma coisa que
eu queria desde sempre, mas por causa da quantidade de trabalho eu nunca pude fazer
entrevista. Os ensaios eram normalmente de domingo e eu conseguiria participar.
Escolhi
a flauta transversal. E não pensem que eu parei o desafio de Daimoku, aumentei pra
3 horas para conseguir ter condições de comprar o instrumento.
Bom...
No dia 9 de março recebi uma ligação da prefeitura de Sertãozinho, me convocando
para trabalhar. Mas como assim? Ah, eu tinha prestado um concurso público dois
anos antes, mas não tinha ido tão bem assim, de 6 vagas disponíveis eu era a número
30. E não é que Daimoku funciona mesmo? Adeus carma de desemprego, agora sou
estatutária e não posso ser demitida, trabalhava na Secretaria de Educação e
Cultura da cidade, fui designada a uma escola, a mesma que a minha mãe leciona.
Ah! O salário também é muito melhor que na TV, fora aquele monte de privilégios
do funcionalismo público, seis abonadas por ano, 14º salário, essas coisas. E
trabalhava até às 4 da tarde.
Lembram
que eu trabalhava numa TV? Bom o acerto de contas comprei minha flauta. Fiquei
3 anos na prefeitura de 2013 a 2016, tive inúmeros desafios, desde uma diretora
me perseguindo e tentando me prejudicar até acordar e praticamente chorar por não
querer ir trabalhar, voltei a ter alguns episódios de pânico e sentia que a
qualquer momento eu iria desabar.
Em
2014 eu conheci a Flavia e começamos a nos relacionar, bem no começo do ano,
depois do carnaval rs. A Flavia é uma pessoa incrível que sempre me incentivou muito
e me apoiou incondicionalmente.
Então,
um dia eu cheguei do trabalho e liguei pra Fla chorando falando que eu não queria
mais trabalhar na prefeitura que eu tinha um salário bom, mas que eu estava infeliz,
ela me acalmou e falou: Esse budismo que você tanto fala, não é pra ser feliz?
Eu não vejo você feliz, do que precisa pra ser feliz? Eu to aqui.
Exonerei
da prefeitura e me mudei pra SP pra morar com a Fla em abril do ano passado.
Foi um ano bem turbulento por que nós duas ficamos desempregadas, a bolsa da
Residência da Flavia terminou… eu comecei a trabalhar com marcenaria e a Flavia
começou em algumas clínicas de cão e gato, apesar da formação dela em
Veterinária de Aves, a gente precisava pagar contas e comer.
Em
abril desse ano comecei a trabalhar com vídeo numa empresa de software que fica
menos de 2km de casa, carteira assinada, salário em dia, plano de saúde e
convênio odontológico.
Em
maio a Flavia finalmente se converteu! Brigada Raniy!
Vocês
devem estar se perguntando onde está a Flavia, bom ela está no Rio de Janeiro
trabalhando num das maiores clínicas de Aves (exclusivamente aves) do Brasil, a
princípio ela ficaria seis meses, mas o veterinário dono da clínica já falou
que quer que ela seja seu braço direito já que ele vai pra Arábia Saudita
trabalhar com reprodução de ararinhas azuis (o rapaz é bem fraquinho).
Quando
ela recebeu essa proposta de emprego eu ainda brinquei com ela e falei: você
deveria ter especificado que queria aqui em São Paulo né?
Bom,
vamos esperar esses seis meses e se essa promessa dele realmente se concretizar.
Aí
acabei machucando o joelho no trabalho, ainda estou me recuperando… Preciso
fazer uma ressonância, mas como ainda estou em período de carência do plano
eles não liberam, como também não liberam a cirurgia que o médico disse q
preciso fazer.
Hoje,
faz 15 dias que machuquei o joelho e não sinto dor alguma e nem sinto mais incômodos,
acredito que não vou precisar de cirurgia.
Tem
uma orientação do Ikeda Sensei que eu gostaria de compartilhar: “"Não
temos com o que nos preocupar nem nada a temer. Ganhando ou perdendo, o mais
importante é transformar as vitórias e derrotas em causas para triunfar na próxima
luta. Cada momento é um NOVO PONTO DE PARTIDA. A prática do Budismo da
verdadeira causa está em continuar a avançar sempre com otimismo e confiança,
ATÉ O PRÓXIMO TRIUNFO, firmemente unidos aos nossos companheiros de fé com o
mesmo objetivo. Este ensino nos instiga a AVANÇAR A PARTIR DO MOMENTO
PRESENTE".
Muito
obrigada, Carla.
***
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Namastê!
Tânia
O
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6 comentários:
Ótimo relato tudo o que eu precisava ouvir. Me sentindo determinada em renovar meus objetivos. GRATIDÃO.
Que lindo e tocante relato!
Fez toda diferença nesse momento delicado em minha vida. Gratidão! Boa sorte!
Eu fico meio amedrontada de continuar na prática por causa dos relatos que leio.
Muito sofrimento sempre para conseguir algo.
Eu parei há um tempo justamente porque estava muito pesado pra mim.
Admiro quem consegue continuar mesmo diante de tantos desafios.
A filosofia budista é linda, mas o caminho é muito árduo.
Mel, a vida não é fácil para qualquer pessoa, seja ela budista ou não. Os sofrimentos são apenas as fases que enfrentamos para conseguir atingir o estado de iluminação. Imagina uma criança que está para nascer, ela também leva 9 meses e de repente tudo muda, se transforma. O processo é o mesmo. Para uns demoram mais do que para os outros. Pense nisso. Abraços.
Uma questão que ainda pega bastante é a questão de Deus na visão budista.
Eu já percebi um certo preconceito relacionado a crença em Deus.
A lei mística, o mantra poderiam ser caracterizados como Deus?
Não usamos Deus com o nome correto. Deus é apenas um nome para a energia que permeia todo o universo que mantém todos vivos aqui. Sim, no meu ponto de vista, a lei mística é Deus e que ela (ou Deu, ou Buda) está em cada um de nós e não fora... O mantra é apenas para nós entrarmos em contato com essa energia. Boa prática para ti.
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